sábado, 22 de janeiro de 2011

Os 4 lápis-de-cor

Era uma vez 4 lápis-de-cor. Cada um era conhecido pela sua individualidade e pela forma diferente de como pintava a sua vida:

- o amarelo era cheio de energia e irradiava alegria por todo o lado

- o rosinha era super fofinho e muito preocupado com tudo e todos

- o roxo era muito atencioso e cheio de carinho para dar

- o laranja era muito traquina mas com muita felicidade para distribuir


Juntos, desenhavam o seu destino e davam cor à vida em seu redor! Juntos, espalhavam felicidade, limpavam lágrimas, apoiavam o mundo nas suas costas e redesenhavam a vida à sua volta com as cores da alegria: apagavam o cinzento, destruíam o preto, preenchiam o branco....


Juntos faziam da escala de cinzentos um arco-íris tão vivo como o mar!

Juntos, faziam a lua emitir tanta luz e vivacidade quanto o sol.

Juntos, faziam do céu o brilhar quer fosse noite ou dia.


Mas os seus destinos eram diferentes, e conforme iam desenhando, as suas linhas iam tomando direcções opostas...


O tempo foi passando e com este, cada vez mais distantes estavam um dos outros. Apesar de cada um continuar a pintar a vida de uma forma tão intensa como no inicio, já nada era como antes. Ao olharem em seu redor, apenas viam a sua própria cor, os seus próprios rabiscos, a sua própria marca!


Ainda assim, continuaram a colorir tudo à sua volta.


Mas com o passar das estações, o seu tom, mesmo permanecendo imutável, tornou-se monótono e cansativo! Apesar das inúmeras cores novas que os rodeavam, nenhuma trazia a harmonia de outrora. Nenhuma encaixava com o seu tom ou com o seu traço.


Ainda assim continuaram, sempre rabiscando na esperança de um dia se encontrarem novamente.


E assim foi. Foram-se encontrando em vários caminhos, mas nunca os 4 lápis.


Umas vezes estavam 2, outras mais afortunadas juntavam-se 3, mas a harmonia nunca mais foi a mesma.


Até que, quando todos já tinha desistido de tentar o impossível, o impossível tentou por eles e num dos andares das voltas que o destino prega, lá estavam eles, os 4, felizes como outrora, a colorir o mundo que tanto gostam de ver sorrir :D


E assim desenharam novamente juntos, coloriram passados, pintaram sorrisos tal como se nada tivesse mudado.


Mas, a inevitabilidade da despedia apareceu e quase que como se nunca se tivessem encontrado, o destino lá arranjou forma de os enviar em busca de traços diferentes.


Mas desta vez, todos tinham algo novo, algo que os mudara para sempre:


Tinham a certeza que um dia, onde quer quer fosse, quando quer que tivesse que ser, ir-se-iam encontrar novamente e iriam pintar o mundo com a mesma vivacidade de antigamente :D


sábado, 15 de maio de 2010

"Tudo bem?"

Bem, se me permitem, neste meu regresso, gostaria de falar de algo banal... Algo que usamos todos os dias, mas que na realidade nem sabemos bem o que significa: o "Tudo bem?".

Pois, esta é uma daquelas expressões que nos marca o dia-à-dia de uma forma constante e despercebida.

Quantas vezes já disseste "Tudo bem?" hoje? E nesta semana?

Quantas vezes querias mesmo dizer "Tudo bem?" ??
Em quantas dessas vezes, esperaste para ouvir resposta?
Em quantas dessas vezes tomaste atenção à resposta que te deram??

Lá está, aterrador não é?

Como tal, hoje vou dar-vos a conhecer os 4 tipos de "Tudo bem?" que conheço. Podem não ser todos, mas tenho a certeza que irás reconhece-los a todos. São eles :

1. "Ola, Tudo bem?" - este é aquele tipo que se usa constantemente quando passamos por alguém, mas que na realidade não queremos/não temos tempo para/não temos confiança suficiente para cumprimentar. Normalmente é usado como fuga à esquisitice e ao embaraço da dúvida causada pelo "cumprimento, ou não? será que ainda se lembra de mim? será que ficou chateado?". Fica sempre bem, em qualquer situação e normalmente é acompanhado por um sorriso (nem sempre verdadeiro). Apesar de acompanhado por uma interrogação, nao espera resposta para além de um "Ola, Tudo bem?" do outro lado. Nos EUA, é usado o "what's up?" da mesma forma. (afinal não é só manha portuguesa :P )

2. "então, e está Tudo bem?" - este é normalmente utilizado como "icebreaker". Usado normalmente como fuga a um momento anterior embaraçante ou com grande força sentimental, como iniciador de conversa ou simplesmente como um suave e gentil "let go". Por exemplo, durante a conversação, fica-se sem saber o que dizer. Para não deixar que as facas cortantes do silencio rasguem o ambiente descontraído que se vive, usa-se esta expressão como forma de manter, ou simplesmente terminar a conversa, podendo, logo a seguir, fazer uma saída majestral. Apesar de não se ouvir a resposta dada pelo outro, ambiente fique estranho se não se obtiver nenhuma.


(engraçado perceber que em 50% dos casos, quando perguntamos a alguém se esta tudo bem (como se isso já nao fosse impossivel por si só, estar TUDINHO bem) não estamos mesmo a perguntar isso.)

3. "mas, está Tudo bem?"- engraçado como tem que aparecer um elemento de ligação de ideas contrarias para que esta expressão comece a ganhar o verdadeiro significado que representa. (só por curiosidade, a carga negativa da frase é a anterior ou é mesmo o "Tudo bem?"??). Esta é utilizada, quando, numa conversação, alguém deixa subentendido que algo não é/está como devia ser/estar. Por exemplo, quando alguém nos bate a porta às 5 am para pedir um copo de açúcar , "Sim, espera que vou já buscar um, mas, está Tudo bem?". O que a distingue maioritariamente do ponto 4, é a resposta esperada. Neste caso, a resposta espera-se que seja sucinta e directa, do tipo "sim/não" e mesmo que nos apercebamos que algo não esta mesmo bem, não tentamos saber mais. Assim, o objectivo já começa a ser perceber o que realmente está a acontecer, logo, até é plausível o uso da expressão.
4."então, conta lá, está Tudo bem?" - esta, pessoalmente, é a minha favorita. Esta é aquela que representa o verdadeiro sentido da expressão, se é que se pode dizer que há um (normalmente o "verdadeiro sentido da expressão" é aquele que é usado mais vezes ou que se associa automaticamente à mesma. Pelo que já referi, hoje em dia, penso que não seria este ponto). Esta é usada quando o outro lado, quer MESMO saber o que se passa connosco. A resposta a esta expressão pode ser longa, e conter todos os pormenores que envolvem e justificam o nosso verdadeiro estado. É rara e deve ser aproveitada como se fosse a última que ouvimos, porque a verdade é que não sabemos quando ouviremos a próxima. Cada vez há menos, porque cada vez há menos tempo para ouvir as respostas, menos interesse no outro e menos vontade em ajudar.



Não posso negar que já usei todos elas muito mais que uma vez. Como tal o conselho que vos deixo é, se o fizerem, façam-nos em consciência. Porque pior que não saber, é não querer saber.


Por tudo isto, eu pergunto-vos, "então, contem-me lá, está Tudo bem?"

Temos que nadar contra à corrente ou não? :P

domingo, 21 de março de 2010

Se o que sou nao é o que fui, quem serei??

é estranho como perde e ganha sentido num instante...

"só gosto de músicas em inglês.. mas agora queria ouvir algo em português"
"não gosto de cerveja, mas uma fresquinha até se bebia"
"detesto cor-de-rosa, mas aquela camisa é tão gira assim"
"vou para qualquer sitio menos para Espanha... quer dizer, Santiago, até nem era má ideia"
....



O que é que tem realmente sentido então? o que é que é constante??

é simplesmente aterrador saber que aquilo que temos como absoluto, pode mudar a qualquer instante.. isso faz-me pensar no que me rodeia, no que tenho agora, e que pela lógica não voltarei a ter... no que sinto agora, e pela lógica não voltarei a sentir...

E as pessoas que me rodeiam?

que será delas...

num momento de menor lucidez dei por a mim a dizer coisas, que apesar de as sentir verdadeiramente, não tinham que ser exteriorizadas...

o resultado fez-me pensar.. fez-me pensar o quanto existem pessoas que são indispensáveis na minha vida..

mas se pela lógica, elas não estarão lá, quem estará?

Como estarei?




Se o que sou não é o que fui, quem serei??





e o mais estranho é que não estou preocupada... :D

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

2 minutos...

Há coisas que não se explicam e no entanto estão mesmo debaixo do nosso nariz o tempo todo.

2 minutos!

Algo mudou naquele momento. Quando temos certeza de algo mas ao mesmo tempo esperamos o contrario a vida arranja forma de nos surpreender.

E a surpresa, ali, naquele momento foi poeticamente perfeita. É inexplicável a forma como tudo encaixou quando os meus olhos encontraram os teus. Tudo fez sentido.

De repente o meu coração sentiu-se completo. Como se tivesse encontrado a outra metade, que sempre tinha estado ali.

E 2 minutos bastaram para nada ser igual ao que era.

2 minutos chegaram para ver coisas de uma forma como nunca tinha visto.

2 minutos foi o que bastou para acordar a pequena sensação de complementaridade que o meu interior sempre procurou.

E ali, como que se nada mais interessasse, a vontade era de fazer o comboio levar-me para trás. O meu coração batia com força suficiente para o fazer voltar lá, para onde estavas. Mas em vez disso continuava a sua rota normal.

A música que ouvia falava e parecia clamar tudo o que o coração sentia e nao tinha coragem de dizer.

"Quase que não chegava

A tempo de me deliciar
Quase que não chegava
A horas de te abraçar
Quase que não recebia
A prenda prometida
Quase que não devia
Existir tal companhia

Não me lembras o céu
Nem nada que se pareça
Não me lembras a lua
Nem nada que se escureça
Se um dia me sinto nua
Tomara que a terra estremeça
Que a minha boca na tua
Eu confesso não sai da cabeça

Se um beijo é quase perfeito
Perdidos num rio sem leito
Que dirá se o tempo nos der
O tempo a que temos direito

Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser

Faremos o crime perfeito

Sabe bem ter-te por perto

Sabe bem tudo tão certo

Sabe bem quando te espero

Sabe bem beber quem quero"

Em cada paragem, apesar de sentir-te mais longe, o momento não desvanecia. Estava ali como que do presente se tratasse.

Cada palavra, cada gesto, cada olhar..

Então o ultimo olhar... aii...

A mim sempre me disseram que um olhar daqueles "denunciava qualquer segredo" Mas será que sim?
Que segredo era o teu, corredor forasteiro que num ápice roubaste tudo o que tinha como certo?

Fizeste acordo com o tempo para me pregares partidas? Que segredo era esse?

Seria o meu?

Aquele que te confessei e pareceste não entender?

É?? Diz-me que meu coração bate impaciente..

Às vezes nadamos tanto contra a maré que nem vemos o quão a corrente nos faria bem.

São precisos 2 minutos para tudo mudar. Porquê?

Depois de tantos anos já se esperava que as coisas que temos como certas fizessem total sentido e representassem a veracidade perante o que nos envolve. Em vez disso, 2 minutos bastaram para mudar tudo.

Aquele momento deixou escapar todo esse sentimento e no entanto toda a complementaridade nunca pareceu tão incompleta.. Fui só eu que o senti?

2 minutos...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

É suposto...

Quando mais precisamos, nada é como queremos. Olhamos à volta e tudo parece desmoronar. E porquê?

Simplesmente, NÃO SEI! So what?

É suposto passarmos o resto do tempo revoltados?

É suposto questionarmos tudo à nossa volta?

É suposto relembrar os momentos bons com mais intensidade e significado?

É suposto seguir em frente?

É capaz é. Só é pena só nos apercebermos disso quando o momento já passou e já reagimos em fúria e de cabeça quente ao que se nos apresentou!

Nada acontece por acaso, mas nem tudo tem motivo. Ou será que é apenas suposto não o entendermos?



"Life has a funny way of sneaking up on you
Life has a funny, funny way of helping you out
Helping you out" by Alanis Morissette